
19 de Setembro 2005
Saímos de Lisboa com um trânsito infernal, o objetivo principal era ir jantar ao Adro, e dormir em Pias!
Amanha seguimos para Tarifa, e iremos entrar em Tânger. Para variar já temos história para contar, esqueci-me de fazer a extensão do seguro para Marrocos. Com alguma sorte , paciência e persistência, amanhã vou ter um Marroquino à saída do barco com o seguro feito! 65€ por 10 dias! Está bom!!!
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chegamos a Tarifa por volta das 13:02h o ferry saiu às 13h.
vamos conhecer Tarifa, almoçar e as 17 temos outro.


Viajar de mota com o meu filho é muito mais do que simplesmente percorrer estradas — é construir memórias, superar desafios e fortalecer laços que o tempo não apaga.
Cada quilómetro que deixamos para trás carrega uma história, uma aprendizagem um olhar cúmplice no espelho retrovisor.
Os desafios são constantes.
Há o cansaço que aparece forte depois de horas a rolar kms, as mudanças de clima , tudo isto tem de se ter em linha de conta.
Mas também há a paciência que aprendemos a ter um com o outro, o espírito de equipa que cresce a cada curva, e aquela sensação de liberdade que só quem viaja de mota percebe.
Já estivemos em lugares que tiram o fôlego — montanhas que tocam o céu, praias escondidas onde o tempo parece parar, vilas perdidas com pessoas que nos acolhem como se fôssemos de casa.
Mas, acima de tudo, o destino mais valioso é o que construímos entre nós: a confiança, o respeito e o amor de pai e filho.
Sentir o vento na cara ver o horizonte à nossa frente e saber que estamos juntos nessa jornada é motivo de um orgulho que não cabe no peito.
Somos dois aventureiros, companheiros de estrada e de vida, partilhando cada rota como se fosse a primeira.
Porque viajar de moto é incrível. Mas viajar com o meu filho… é simplesmente inesquecível.
Decidimos ficar em Tetuan




Tetuán: duas décadas de transformação
Voltar a Tetuán depois de vinte anos é como abrir um álbum de memórias e, ao mesmo tempo, descobrir um novo mundo. A cidade que encontrei agora é muito diferente daquela que conheci há duas décadas – mais moderna, mais movimentada, mas ainda com o mesmo coração marroquino que lhe dá alma.
Há vinte anos, Tetuán tinha um ritmo mais pausado, quase provinciano. As ruas estreitas da medina, Património da Humanidade, mantinham-se quase intactas, com o branco das casas a contrastar com as portas coloridas. A vida concentrava-se no comércio local, nas pequenas oficinas, nos cafés simples onde os homens se reuniam para conversar e jogar cartas.
Hoje, a cidade mostra-se mais dinâmica. Os bairros cresceram, novas avenidas foram abertas, surgiram centros comerciais e hotéis que recebem cada vez mais turistas curiosos pela autenticidade do norte de Marrocos. Nota-se o investimento em infraestruturas, no trânsito mais organizado, nas escolas e universidades que deram a Tetuán um perfil mais jovem e cosmopolita.
Apesar disso, a cidade não perdeu a sua identidade. A medina continua viva, cheia de cores, aromas e sons. O artesanato local, a cerâmica, o couro e os tecidos continuam a ser símbolos de tradição, e passear pelas suas ruas estreitas é sentir que o tempo não passou.
O que mais me impressiona é a forma como Tetuán soube equilibrar tradição e modernidade. O contraste entre a medina histórica e as novas áreas urbanas mostra bem a evolução de uma cidade que não renega o passado, mas que também olha para o futuro.
Regressar a Tetuán, depois de vinte anos, foi perceber que a essência continua a mesma: uma cidade acolhedora, autêntica, com um charme especial que só o norte de Marrocos consegue transmitir. Mas também foi testemunhar o caminho de progresso que transformou o lugar onde o antigo e o novo convivem em harmonia.










Chefchaouen: a cidade azul que encanta
Entre as montanhas do Rif, no norte de Marrocos, ergue-se Chefchaouen, também conhecida como a “Cidade Azul”. Quem chega pela primeira vez percebe rapidamente por que razão este destino se tornou um dos mais fotogénicos e visitados do país. As suas ruas, escadas e casas pintadas em diferentes tons de azul criam uma atmosfera mágica, quase de conto.
Fundada em 1471, Chefchaouen nasceu como uma fortaleza para resistir às invasões portuguesas e, ao longo dos séculos, recebeu influências árabes, andaluzas e judaicas, que ainda hoje se refletem na arquitetura e nas tradições locais. Passear pela sua medina é mergulhar num labirinto de ruelas tranquilas, onde o ritmo é mais calmo do que em outras cidades marroquinas.
O azul que cobre a cidade é motivo de muitas histórias: alguns dizem que simboliza o céu e o paraíso, outros que foi introduzido pela comunidade judaica como símbolo espiritual. Seja qual for a origem, a verdade é que o efeito visual é único. Ao amanhecer, quando o sol toca suavemente as paredes, ou ao entardecer, quando a luz se torna dourada, cada canto parece um quadro vivo.
Para além da beleza da medina, Chefchaouen é também um ponto de partida para explorar a natureza. As montanhas do Rif oferecem trilhos de caminhada, cascatas como as de Akchour e paisagens verdejantes que surpreendem quem associa Marrocos apenas ao deserto.
A gastronomia local é outro destaque: o tajine preparado de forma caseira, o pão quente vendido nas ruas e o chá de menta servido com generosidade completam a experiência.
Visitar Chefchaouen é mais do que tirar fotografias às suas paredes azuis. É sentir a serenidade de um lugar que combina tradição, espiritualidade e hospitalidade. Uma cidade que, apesar de pequena, deixa uma grande marca em quem a descobre.






Fés – A Alma do Marrocos
Fés é uma das cidades mais fascinantes de Marrocos e, para muitos, a verdadeira alma do país.
Fundada no século VIII, foi durante séculos a capital e continua a ser um centro espiritual, cultural e artesanal que mantém viva a tradição marroquina.
A sua medina, classificada como Património Mundial da UNESCO, é um labirinto de ruelas estreitas, souks cheios de cor e cheiro, mesquitas e madraças centenárias.
Passear pela medina de Fés é como viajar no tempo: não há carros, apenas burros a transportar mercadorias, vendedores que chamam os clientes e oficinas de artesãos que ainda trabalham o couro, o cobre, a cerâmica e os tecidos como se o tempo tivesse parado.
Um dos lugares mais emblemáticos é a Universidade Al Quaraouiyine, fundada no ano 859, considerada a mais antiga universidade em funcionamento contínuo no mundo.
Ao lado, a mesquita do mesmo nome é um importante centro espiritual.
Outro ponto imperdível são as curtumes de Chouara, onde o couro é tratado em grandes tanques de pedra.
A visão é intensa e os cheiros também, mas este ofício continua a ser um dos símbolos de Fés.
A cidade também tem um lado mais moderno, com avenidas largas, cafés e hotéis, mas é na medina que se encontra a verdadeira essência: uma mistura de história, espiritualidade e vida quotidiana que encanta qualquer visitante.
Visitar Fés é mergulhar na tradição marroquina, é sentir o pulsar de um lugar que guarda séculos de cultura e de fé, e que continua a ser um dos destinos mais autênticos de Marrocos.
Merzouga, às portas do Saara
Merzouga é uma das vilas mais emblemáticas do deserto marroquino, situada na região de Drâa-Tafilalet, junto às imponentes dunas de Erg Chebbi. É aqui que muitos viajantes cumprem o sonho de ver o Saara de perto, num cenário que parece saído de um postal: montanhas de areia dourada que mudam de cor ao longo do dia, do laranja intenso do nascer do sol ao dourado suave do entardecer.
Apesar de pequena, Merzouga transformou-se num destino turístico de destaque, ponto de partida para excursões em camelos, noites em acampamentos nómadas e experiências únicas sob um céu estrelado, considerado um dos mais límpidos do mundo. A hospitalidade berbere é uma das marcas da vila: famílias locais recebem visitantes em casas tradicionais ou tendas, partilhando música, histórias e a saborosa gastronomia do deserto.
A natureza também mostra a sua força em Merzouga. Nas proximidades fica o Lago Dayet Srij, que durante as épocas de cheia atrai flamingos e outras aves migratórias, criando um contraste surpreendente com a aridez envolvente. Já as dunas de Erg Chebbi, que podem atingir cerca de 150 metros de altura, convidam à aventura: seja em caminhadas, passeios de camelo ou em veículos 4x4, a sensação é sempre a de atravessar um mar de areia sem fim.
Merzouga é mais do que um destino turístico — é uma experiência sensorial completa. Aqui, o silêncio do deserto, a imensidão da paisagem e o calor humano da comunidade local transformam a viagem em algo memorável, onde cada pôr do sol e cada noite sob as estrelas ficam gravados na memória.





Agdz, a porta do Vale do Dráa
Agdz, também conhecida como Agdez, é uma vila marroquina situada no coração do Vale do Dráa, entre Ouarzazate e Zagora. Pequena e tranquila, mas carregada de história, foi durante séculos um ponto de paragem essencial nas antigas rotas das caravanas que ligavam Marraquexe ao deserto do Saara.
À chegada, a paisagem conquista de imediato: uma sucessão de palmeirais intermináveis contrasta com as montanhas áridas e com a imponência do Jebel Kissane, cuja silhueta lembra copos de chá alinhados atrás de um bule. Este monte tornou-se símbolo da vila e guia natural para viajantes e nómadas.
Passear por Agdz é descobrir a vida simples do sul de Marrocos. O souk semanal enche-se de cores, especiarias e artesanato; os cafés oferecem o tradicional chá de menta; e as casas de adobe lembram a arquitetura berbere, resistente ao tempo e ao calor. Nas redondezas, destaca-se a Kasbah de Tamnougalt, uma fortaleza histórica que já foi centro administrativo e palco de encontros tribais, hoje em parte preservada e aberta a visitas.
Apesar da sua modéstia, Agdz é um ponto estratégico para quem deseja explorar o Vale do Dráa, conhecido como o maior palmeiral do Norte de África, e para os que seguem rumo às dunas de Zagora e M’Hamid. É também um local ideal para sentir a hospitalidade marroquina em alojamentos familiares e casas tradicionais, onde cada visitante é recebido como parte da comunidade.
Agdz não é apenas uma paragem no mapa — é um convite a abrandar o ritmo, a contemplar a força da paisagem e a mergulhar numa das regiões mais autênticas e preservadas de Marrocos




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